Sebastião Antonio Ferreira nasceu dia 15 de setembro de 1917, no bairro rural Gibóia, região de Anhumas. Casou-se aos 22 anos com Anna Maria Pacheco, com a qual construiu uma grande família: 8 filhos, 24 netos, 39 bisnetos e mais 6 tataranetos.
Nesta semana, portanto, completou um século de vida. São 100 anos que ele gosta de esmiuçar em 1.200 meses, ou, mais precisamente, 36.525 dias, vividos um a um, com a paciência de quem nasceu para seguir uma longa jornada.
Veio ao mundo em plena revolução Russa. Mas o livro de história de Sebastião não tem a imagem de Lenin como destaque, e sim, os momentos marcantes da Revolução Constitucionalista de 1932, que ele acompanhou bem de pertinho.
Homem da terra, esse caipiracicabano recorda um momento na vida da família em que tentaram seguir um novo rumo, mudando-se para o Paraná, onde faziam planos de riqueza com a lavoura de café, que se expandia pelo estado.
"Nos mudamos em um caminhão. Chegando lá, mas os planos não deram certo. Ao invés do ouro verde, nos deparamos com uma longa geada que desfez completamente nossa ilusão. Voltamos de trem sem nada, carregando apenas uma mala com algumas peças de roupa".
Entre altos e baixos, a coisas foram se ajustando. Hoje, com saúde de dar inveja, as pessoas lhe questionam sobre o segredo da longevidade. A resposta?: "Trabalho. Sempre trabalhei muito e até hoje cuido da minha horta que, por longo tempo, garantiu o sustento da família".
Sem palavras sobe o que será o amanhã, Sebastião anda desiludido com a realidade: "O nosso tempo mudou. O mundo está arruinado". Mas não deixa de apontar o caminho certo pelo menos para sua vida em particular. "Não posso dizer nada, apenas procuro andar direito na vida e ser honesto". Um século de virtude.
Esta entrevista foi concedida à equipe da USF Anhumas, onde o senhor Sebastião é atendido e também onde foi feita uma singela homenagem aos seus 100 anos.
Texto: Natália Simão
Fotografia: Jean Carlos Vicente
