SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE DE PIRACICABA

Saúde registra 524 acidentes com escorpiões em 2021

27 de junho de 2021 • Felipe Poleti

Autor: Autor- Felipe Polleti/CCS

A Secretaria de Saúde, por meio do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) e do Departamento de Vigilância Epidemiológica (VE) de Piracicaba, alerta a população quanto ao risco de acidentes com escorpiões. Segundo dados da VE, de janeiro até 17 de junho, foram registradas 524 ocorrências de picada de escorpiões na cidade. Mesmo sendo um indicador 24% menor ante o do ano passado – quando foram registrados 651 acidentes no período e 1.464 no ano de 2020, sem óbitos – é preciso reforçar a atenção da população.

“É um número preocupante e precisamos alertar a população. Mesmo este ano registrando menos casos que em 2020, é possível evitar os acidentes com estes aracnídeos tomando cuidados rotineiros em casa, como a vedação de frestas de portas e janelas e dos ralos, bem como evitar acúmulo de entulho em casa e terrenos”, destacou Filemon Silvano, secretário de Saúde.

Acidentes com escorpiões em Piracicaba preocupa poder público

Conforme explica a bióloga do CCZ, Regina Lex Engel, Piracicaba é, naturalmente, endêmica para ocorrência natural de escorpiões devido a sua geografia, condições hidrográficas, geológicas, climáticas e ambientais. “Os escorpiões se adaptaram a utilizar a rede de esgoto como ambiente ideal para viver. Ali há fartura de alimento (baratas e outras pragas), condições ideais de umidade e temperatura e onde não há predadores para eles. Assim, vivem perfeitamente nesses locais, onde se abrigam, se reproduzem, se locomovem, e por onde têm acesso ao interior dos imóveis através dos ralos e sistemas de esgoto da cidade”, explica.

Regina enfatiza que a pandemia fez os agentes de saúde procurarem novas formas de orientar a população quanto aos escorpiões e outros animais peçonhentos. “As demandas recebidas via SIP 156 e CCZ receberam uma resposta padrão (folder) que é enviada à casa do munícipe. Caso o solicitante entenda a necessidade de um agente visitar sua residência, é recomendado um segundo chamado via SIP 156”, informa a bióloga.

A Secretaria de Saúde reforça que todo o trabalho do CCZ com relação aos escorpiões é feito baseado nos protocolos do Instituto Butantan (SP), que preconizam a prevenção, por meio do controle físico do ambiente. Dessa maneira, a orientação é que quintais, jardins, terrenos e áreas verdes ou áreas naturais de ocorrência de animais peçonhentos devem ser mantidos constantemente limpos, sem mato alto, lixo ou entulho, já que os escorpiões se abrigam nessas vegetações ou materiais, podendo invadir as residências próximas, ocasionando acidentes.

Conforme lembra a bióloga do CCZ, além da prevenção externa, é preciso se atentar aos cuidados dentro da residência, mantendo bem fechados todos os ralos internos e externos ao imóvel, com grelhas do tipo abre/fecha ou telas de nylon sob as grelhas de escoamento de água de chuva; deve-se vedar as soleiras das portas; conservar o quintal, jardim, despensas, garagens e porões sempre limpos, com mato sempre cortado, evitando acumular materiais nesses locais

“Também é importante manter o material de construção, madeiras e garrafas empilhados longe do chão, da parede e do teto, e em local bem arejado, promovendo sempre a mudança de local desses materiais; fechar todas as frestas existentes nas paredes ou pisos da residência. Além disso, é importante sacudir roupas, toalhas e calçados antes de usar, não deixar camas e berços encostados na parede”, enfatiza Regina.

Em caso de acidente (picada) com escorpiões, a orientação da bióloga é lavar o local com água e sabão, fazer compressa de água morna no local, procurar atendimento médico, imediatamente, em um pronto-socorro mais próximo do local da ocorrência. “No caso de crianças até 10 anos de idade e idosos, devem ser encaminhados diretamente à Santa Casa de Piracicaba ou à UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Vila Cristina, que são referência na cidade neste tipo ocorrência”, completa.

CONTROLE – Os aracnídeos, em geral, são muito resistentes aos produtos químicos, mas os escorpiões, em especial, possuem mecanismos quimiorreceptores que captam moléculas no ambiente. Assim, o uso de inseticida, além de não conseguir fazer um controle da população desses animais em um ambiente, promove o desalojamento de seus abrigos, fazendo com que eles procurem locais fora dele, favorecendo a maior ocorrência de acidentes ou agravos com pessoas ou animais.

Mesmo com incidência baixa na cidade, escorpião marrom também preocupa

É importante lembrar que a Prefeitura mantém o trabalho de desinsetização para controle de baratas nos bueiros das ruas e avenidas do município, sendo um meio eficaz para o controle de escorpiões, pois elimina a principal fonte de alimento desses animais no ambiente urbano. “As ações educativas também são constantes com a realização de palestras a respeito da biologia e controle de escorpiões em escolas públicas municipais e estaduais, além das particulares do município, bem como em empresas e demais instituições que nos solicitam”, informa Regina.

ESCORPIÕES – Existem duas espécies de escorpiões que ocorrem em Piracicaba, sendo o escorpião amarelo (Tityus serrulatus) e o marrom (Tityus bahiensis). O escorpião amarelo é o mais prevalente, tanto em população, quanto em ocorrência de acidentes e com maior agravo, já que possui veneno mais potente, além disso, é animal partenogenéticos, existindo somente fêmeas, as quais se reproduzem assexuadamente, sem a necessidade de parceiro, com o desenvolvimento do embrião a partir de um óvulo não fecundado. Com menos frequência, o escorpião marrom produz acidentes com menor gravidade; são animais com dimorfismo sexual (existindo macho e fêmea), com reprodução sexuada. “A picada destes dois escorpiões é extremamente dolorosa e, na grande maioria das vezes, sem agravamento, ocorrendo somente dor muito intensa no local, mas pode ocorrer agravamento de acordo com a idade ou existência de comorbidades no acidentado”, reforça o médico e subsecretário de Saúde, Augusto Muzilli Jr.

Escorpiões Amarelos são os mais comuns em Piracicaba

‹ voltar